Dizem tabém que a adolescência é a época em que você vai ser inevitavelmente idiota.
Passada a minha infância gorda, quase sem amigos e totalmente sem importância, entrei na minha puberdade.
Primeiro sintoma: Emagreci para caralho.
Segundo sintoma: Passei a me interessar mais por garotas. Particularmente, por uma que estudava no meu colégio.
A Luana foi minha primeira paixão. Passei dias, semanas, meses inteiros observando ela de longe durante os intervalos das aulas de educação física, tentando tomar coragem pra chegar junto e falar com ela. A idéia era simples.
-Oi. Quer um pedaço do meu lanche?
-Ah, quero sim hihihih
-Então, tem um negócio que eu quero te dizer... Eu tô gostando de você já a algum tempo, mas só agora que consegui vir aqui e falar contigo. Quer namorar comigo?
-Ora, mas é claro KKKK LOL
Na prática, foi mais ou menos assim:
-Ô Gilberto.
-Fala, cara.
-Cê fala com a Luana, né?
-Falo sim, por que?
-Ah, tá. Pergunta pra ela então se ela não gosta de... pingue-pongue.
Daí foram mais alguns meses só observando.
Depois de um tempo já havia desistido de tentar falar com ela. Passei a simplesmente admirá-la de longe, imaginando nós dois juntos de mãos dadas, depois nos abraçando, depois nos beijando, e depois... Jogando Street Fighter juntos. E eu estava muito bem assim, obrigado.
Mas o destino, meus caros, é um filho da puta. E sempre age nas horas mais inoportunas.
A feira de ciências do meu colégio era um evento bem interessante. Não porque eram abordados temas incríveis ou porque haviam grandes apresentações de trabalhos, mas porque eram três pontos ganhos praticamente de graça. Em. Todas. As. Matérias. Eram formados grupos, geralmente de alunos da mesma sala, que escolhiam um tema qualquer, pesquisavam um monte de merda e apresentavam pra uns pais que fingiam estar interessados. No big deal. Só que antes de apresentar tinham as reuniões do grupo, onde a galera fingia que discutia sobre o que ia fazer. Eu nem fazia idéia de quem era o meu grupo. Só sabia que tinham 3 amigos meus lá, e que o resto eu ia conhecer na primeira reunião. E foi lá que a vadia apareceu.
"Oi. Alguns aqui já me conhecem, mas vou me apresentar pros outros. Meu nome é Luana, e sou parte do gr-" E eu não ouvi mais nada.
Puta merda, era ela. Ali, na minha frente, falando indiretamente comigo e com os peitos apontados na minha cara, era ela. A minha chance, a chance mais perfeita que eu podia imaginar. Agora só faltava conhecer ela melhor, pra saber como eu poderia declarar meu amor.
Bem, eu já sabia que ela gostava de pingue-pongue.